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"FÉNIX"

ETERNIZANDO O EFÉMERO
POESIA CLÁSSICA
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SER FORTE
Carmo Vasconcelos
Ser forte é lutar constantemente
suportar da vida as investidas
rir das mágoas descaradamente
e chorar, chorar às escondidas
Ser forte é saber transmitir paz
quando uma batalha ruge em nós,
ser a companhia que apraz
e na solidão não ouvir voz.
Ser forte é usar uma armadura
feita de altivez e grande porte,
confortar a todos na amargura
e não ter de volta a mesma sorte.
Ser forte é calar no peito os gritos,
inventar faróis em noite escura,
serenar os corações aflitos,
sem haver quem cale a nossa agrura.
Ser forte é talvez grande fraqueza
posta a resistir por cobardia,
no receio de virar a mesa
e ter de enfrentar um novo dia.
Ser forte é também fragilidade,
medo fundo de alterar a história,
e omitindo nossa identidade
ofertamos aos fracos a vitória.
Carmo Vasconcelos
1997 |
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SER POETA...
Carmo Vasconcelos
Ser Poeta é ser diferente!
Tendo a tristeza latente,
E em negrume o coração...
C'os versos que vai lavrando,
Inda que de dor chorando,
Leva consolo a um irmão!
Porque o poeta é amor!
Por todos que, em desamor,
São expoente comum...
Deles, o mundo está cheio!
Olhando o fartum alheio,
Sem ter por seu bem algum!
Nobre missão do poeta
É ter por sagrada meta,
Aliviar mágoas tantas!
Esquecendo os prantos seus,
Cumprir o poema de Deus,
Lavrado em palavras santas!
Carmo Vasconcelos
05/Abril/2008 |
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SO-LA-RI-E-DA-DE
Carmo Vasconcelos
Nada fácil de escrever
e até custosa de ler
difícil de soletrar...
Fácil é o homem se abster
do seu sentido encontrar
sem n' acção a praticar.
Vergonha é ele esquecer
que veio nu ao nascer
e nu partirá também.
Que ao morrer nada retém
e os bens que lhe foram dados
são apenas emprestados.
Que sem medo do porvir
os deverá repartir
com os mais necessitados.
É hora de o Homem ver
como é vã a iniquidade
da sua materialidade.
É já tempo de entender
que o próximo é seu irmão
na Mente da Criação.
É já tempo de aprender
ao outro estender a mão
em árdua situação.
Intuir esta verdade:
que sem Solidariedade
não há Paz no coração!
Carmo Vasconcelos
17/03/2008 |
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TÂNTALOS
Carmo Vasconcelos
Ai de mim, agora com o teu travo
Colado à boca, enfeitiçado pez
Amarração que o destino me fez
Poção de mel e fel neste meu favo
Ai de mim, que afaguei a tua fronte
As linhas do teu rosto percorri
Os músculos em fogo te senti
E nos beijos trocados vi a ponte
Ai de mim, ai de ti, que à doce fonte
Dos amores, amantes não chegamos
Tântalos que na sede nos ficamos
Vendo a água correr pra nós defronte
Este cruel suplício que sofremos
Este tão perto e longe que castiga
E à dor de não nos termos nos obriga...
Decerto que por erros o merecemos!
Carmo Vasconcelos
29 /12/2007
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TEMPOS DOURADOS
Carmo Vasconcelos
Tempos felizes, dum passado cheio,
lembrados quando em vez , pra nosso
enleio,
memórias que nos trazem céus de
encanto...
A colorirem nossa vida gasta,
onde parece nada haver que basta
e ser de sobra, só saudade e pranto.
Agora, o velho banco de jardim
chora em ferrugem lembranças de mim,
quando em abraço terno era adorada…
E até as roseiras, dantes tão floridas,
sem nossos madrigais, murcham doridas,
rogando orvalhos pela madrugada.
Longe ficaram os volteios de dança,
nesta imobilidade que nos cansa
dos frios cedês , gemendo tais boleros…
O romantismo foi-se na distância,
e os cravos na lapela, sem fragrância,
são quais amores d´hoje, não sinceros!
Carmo Vasconcelos
7/Fevº/2012 |
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